segunda-feira, 7 de março de 2011

Banda Cânticos, seus músicos e sua história.

            Por Maria Laíre Rolim, mãe biológica dos músicos Tiago e Lucas Rolim e mãe adotiva da Banda Cânticos.


      
“Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. Cantai-lhe um cântico novo, acompanhado de instrumentos de música, porque a palavra do Senhor é reta, em todas as suas obras resplandece a fidelidade”. (Salmo 32, 2-4)

 Quando se ouve a Banda, tocando na missa ou em shows, a maioria não tem a chance de conhecê-la. Como surgiu, a vida de cada um, como foi a preparação e a caminhada nestes anos. Agradeço a Deus por acompanhá-la há muito tempo e ter testemunhado sua transformação.
            As músicas de hoje e do novo CD contam a história de vida e de fé dos músicos, a influência de seus familiares e amigos que se tornaram parte desta comunidade. Sim, ela é uma comunidade com história e mudanças. Mais que membros de uma banda católica, são amigos e família uns dos outros. O cuidado e o carinho entre eles pode-se observar até no entendimento quando estão tocando. Um olhar, uma cara ruim, uma virada para mostrar ao outro as notas musicais, no silêncio sem uma palavra conseguem o que só muitos anos de história, inúmeros ensaios e a amizade produz. Não são perfeitos nem santos e muitas reuniões deles não rendem nada, mas suas diferenças e imperfeições os fazem perseverantes.
            Começou na Paróquia Perpétuo Socorro e também em minha casa, onde sempre ensaiaram. Pude ver neste período transformarem-se de quase adolescentes e alguns meninos em homens e uma mulher, que namoraram , noivaram, casaram e alguns já tiveram filhos. Lembro-me dos 15 anos do Léo, hoje casado, transformado de aprendiz em músico. Uma marca deste início foi o arranjo de Emanuel, uma de minhas preferidas até hoje e quase esquecida por eles.
O crescimento musical aconteceu através de muito estudo e ensaio. Todos trabalham muito em suas profissões, mas isto não os impede de uma dedicação enorme para fazer de seu cântico uma evangelização. Vários músicos entraram e saíram e deixaram sua marca. Cada um que já participou da banda faz parte da vida e religiosidade dos que ficaram. A música que fazem é resultado de um desejo de mostrar Deus, Nossa Senhora e os santos como nas festas interioranas, regionais e do cancioneiro popular. Quem de nós através da música deles não se recorda do Brasil verdadeiro?  Música católica com raiz brasileira. Com seus arranjos tornam mais “animadas” e com ritmos nacionais, músicas que não são deles, principalmente nas Missas.
Tudo isto foi possível através de muita oração, persistência e vontade de louvar a Deus do jeito brasileiro. Tiveram muitas decepções, escutaram grosserias e muitos dando palpites e querendo ensiná-los como a música católica deveria ter um modelo que não se identificava com eles. Cada queda, decepção e, muitas vezes, discussões levava-os com muita oração a levantarem-se. A intercessão de suas esposas, namoradas, maridos e familiares sempre é constante a cada dia, além da oração em conjunto quinzenalmente. A invocação constante do Espírito Santo os fez mais fortes. Há também o lado brincalhão de cada um e em suas comemorações: feijoadas, aniversários, reuniões informais, eles têm o grande poder de contar as mesmas histórias.  O mais interessante? Todos riem como se fosse a primeira vez.
Nunca quiseram ser ídolos e ganharem muito dinheiro, o objetivo deles sempre foi levar o nome de Deus a todos. Uma catequese diferente. Enquanto muitos cantam: “Eu quero mais é beijar na boca”, com muito ritmo a banda catequiza: “Dona da casa, me dá licença, me dá licença para eu rezar...” Mostrando que música católica pode ser animada sem perder sua função. Não querem vender CD ou música online, apenas evangelizar. Por isso necessitam de apoio financeiro, pois só recebem quando tocam em casamentos, quase todo final de semana, dinheiro que usam para melhorar o “som” da banda e juntar para o CD.
Tantas vezes escutei deles: “Música para Deus tem que ser boa e devemos melhorar sempre. Nunca “tocar por tocar”, mas com amor e fervor, com alma e o coração.
 A grande preocupação da Banda Cânticos é agradar a Deus e junto com o povo participar da grande festa que é viver para Deus e agradecê-lo. Como o Rei Davi, também não agradam a todos:
“Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor, cingido com um efod de linho. O rei e todos os israelitas conduziram a arca do Senhor, soltando gritos de alegria e tocando a trombeta. Ao entrar a arca do Senhor na cidade de Davi, Micol, filha de Saul, olhando pela janela, viu o rei Davi saltando e dançando diante do Senhor, e desprezou-o em seu coração.” (II Samuel 6, 14-16)



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