terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Caminhando com Maria

 Por Tiago Rolim, Violeiro e Saxofonista.

            A Banda Cânticos se lança, mais uma vez, em um novo território, buscando algo ao mesmo tempo essencialmente tradicional, mas inovador na sua forma e resgate.
            Há mais ou menos dois anos, fomos convidados para tocar em uma festa na região de Niquelândia, Goiás, na festa de Nossa Senhora do Muquém. Qual foi a nossa surpresa ao perceber que estávamos participando de uma festa que tinha quase 300 anos de tradição e que nós, que vínhamos de Brasília, praticamente nunca tínhamos ouvido falar dessa manifestação religiosa!
            Assim como Nossa Senhora se apresenta na região de Muquém para abençoar e auxiliar as pessoas daquele local, nós da Banda Cânticos percebemos a necessidade de guardar e em muitos casos resgatar a essência da religiosidade brasileira, destacando uma figura central que é Nossa Senhora! Sobre o título de Nossa Senhora Aparecida, Maria nos ajuda a caminhar e mostrar que a alma do brasileiro se integra perfeitamente à alma de Nossa Senhora. Assim como Maria não desistiu de sua missão e diante de problemas e dificuldades encontrou na contemplação e oração a fortaleza e o amor de Deus, o brasileiro tem na alma gravado o lacre desta resistência e luta de nunca desistir e sempre confiar que nossa Mãezinha há de providenciar por intermédio de Jesus.
            Querendo ou não, nosso novo CD também nos trouxe grandes desafios! Durante a caminhada dos últimos anos, alguns membros saíram e a Banda Cânticos em muitos aspectos teve que buscar novos “sons” e incluí-los em uma musicalidade já conhecida. Se o CD Mudança era um trabalho que “inaugurava” nossa proposta, o novo trabalho tem como ponto principal a MATURIDADE, tanto espiritual como musical. Mais uma vez, Nossa Senhora nos ensina que o tempo e a reflexão geram frutos doces e agradáveis aos olhos de Deus.
            Mas, sem me alongar demais! E completando o que foi dito tão bem pelo Lucas no post anterior, nosso novo trabalho tem muito da essência que vocês já conhecem, já presenciaram no  CD Mudança, porém, com um novo tempero, um cheirinho de café no bule sendo esquentado num fogão a lenha, às sete horas da manhã, em um ranchinho no interior do Brasil, enquanto se espera os foliões de reis chegarem para começar a festa em homenagem à Sagrada Família... Êta! Êta povo brasileiro, santo povo guerreiro, eis aí meu louvor...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Segundo CD?

Por Lucas Rolim, Guitarrista.

        Desde pequeno convivi com uma pessoa que me serviu de inspiração em vários aspectos desse dito “ser pessoa”, minha querida avó Edith.  Um desses ângulos, a espiritualidade, me fez e ainda me faz admirar a sua simplicidade. Olhando minha avó em seu cotidiano percebi que essa simplicidade de relacionamento com Deus necessita de um exercício diário. Na dinâmica mundial em que vivemos hoje a palavra perseverança é cada dia mais difícil de ser cumprida, essa pessoa que tem essa simplicidade/intimidade espiritual vem de uma outra época de um outro “mundo” onde o tempo não passava tão “rápido” como hoje. Essa percepção diferenciada de tempo, tenho certeza, não é exclusivo de minha avó e sim das pessoas de sua época. Ainda, na minha humilde opinião não acho que as pessoas hoje em dia estão mais atarefadas que antigamente, elas apenas estão sem paciência. Passam mais tempo correndo para realizar suas tarefas do que realmente realizando-as bem.
       Simplicidade não quer dizer superficialidade, pelo contrário. Hoje em dia, diante da correria mundial da instantênedade de: informações, resultados e até alimentação. As pessoas querem que a fé seja instantânea e se esquecem da perseverança espiritual, do cotidiano do exercício diário da fé. Essas pessoas querem ir a uma missa e saírem de lá curadas, convertidas e santas! Existem certas coisas nas quais não adianta ter pressa, minha querida avó sabe bem disso, bem como as pessoas de sua época. A semente que foi semeada na lavoura vai cumprir o seu tempo para germinar, crescer, florir e cumprir o seu ciclo.  Não posso conhecer e ter intimidade com uma pessoa com apenas uma conversa inicial de uma hora, é preciso uma conversa cotidiana, diária, exclusiva, com muita calma e cautela. E não é exceção nossa relação com Deus.
        Diante desse aspecto penso assim o segundo CD da Banda Cânticos, queremos resgatar essa fé simples cotidiana e nem um pouco instantânea. Visitando as expressões religiosas populares católicas brasileiras onde minha avó e as pessoas de sua época edificaram a sua fé, por onde essa fé ainda é praticada dessa maneira. Queremos visitar as novenas do interior, os terços rezados cotidianamente nas casas, Folias de Reis do Divino, as missas e as festas de: São Francisco do Canindé no Ceará, Nossa Senhora da Abadia em Minas Gerais, Nossa Senhora Aparecida em São Paulo e tantas outras puras expressões de fé católica que já fazem parte da cultura brasileira.
       O teor musical do segundo CD é regional.  As letras e os arranjos seguem essa tendência e ainda tentam transferir para a nossa realidade urbana esses valores esquecidos. Temos: samba rock, samba de roda, musica caipira, vanerão, baião e vários outros. Tudo isso com uma pitada do estilo do nosso primeiro CD com: jazz, funk e soul.
        Mas do que uma aposta, é uma proposta de evangelização. É um resgate de uma fé mais tradicional, profunda e íntima de um jeito que hoje em dia pode se dizer diferente, mas que sempre esteve presente na cultura católica brasileira e mundial.